O PCB/PPS completa, neste 25 de março, 92 anos de existência dedicados, principalmente, à causa da luta dos trabalhadores e àconquista e ao aperfeiçoamento da democracia no país. A legenda, que passou a se chamar Partido Popular Socialista em 1992, emitiu nota para comemorar o aniversário.
O texto, assinado pelo presidente nacional, deputado federal Roberto Freire (SP), reafirma o compromisso do PPS “com a democracia como valor universal e o caminho para enfrenarmos os enormes desafios que a sociedade do conhecimento impõe”.
A luta com a cidadania por uma sociedade mais justa e mais fraterna, diz a nota, também é prioridade do PPS, que defende reformas permanentes nas esferas da economia e do Estado.
Leia, abaixo, a íntegra da nota.
“Nota comemorativa dos 92 anos do PCB/PPS
O Partido Comunista Brasileiro, PCB, que neste 25 de março completa 92 anos, nasceu sob o influxo da Revolução Russa de 1917, que marcou o fim do século XIX e abriu a possibilidade de uma grande transformação mundial com o advento de uma nova conformação política e de um novo Estado, formado a partir da lógica e dos interesses dos trabalhadores do campo e da cidade.
No Brasil, particularmente, é na década de 20 que o envolvimento daclasse média e do movimento operário, sobretudo, começa a projetar um novo desenho de sociedade para uma República que já nasceu velha, comprometida com as antigas oligarquias que comandavam todo o processo político no país, com seu domínio patrimonialista, sobretudo nas questões referentes ao governo, qualquer que seja seu nível. Assim como estendeu sobre o mundo do trabalho a sombra de mais de 300 anos de escravidão que servira de base à forma de produção dominante do país.
É esse pesado legado de um passado que oprimia a cidadaniabrasileira que, por meio das diversas organizações de trabalhadores, faz surgir o PCB como força política e organizadora deste, que coloca pela primeira vez, no país, a questão do partido como representante de uma classe específica, com sua particular concepção de mundo, de economia e de Estado.
Seis meses depois de seu surgimento tem seu registro cassado, colocando em evidência o caráter autoritário do Estado brasileiro e de suas classes dominantes que não toleravam a organização autônoma dos trabalhadores. Tendo que atuar na clandestinidade, onde passougrande parte de sua história, teve que enfrentar a violência policial e as dificuldades inerentes a ser um partido que preconizava uma nova ordem de coisas, para uma sociedade acossada pela exclusão que lhe impunha nossa peculiar forma de organização social.
E mesmo assim, por cima de todas as dificuldades impostas, com o concurso de milhares de trabalhadores do campo e da cidade, intelectuais, e de segmentos da classe média, o PCB deu uma contribuição valiosíssima à luta pela democratização do país, de uma concepção de desenvolvimento econômico de caráter nacionalista, que teve na industrialização, a chave para superarmos nossa histórica situação colonial e da participação da cidadania na construção de um novo tipo de Estado.
Como ficou evidente, por exemplo, na resposta do PCB ao golpe militar de 64, que ao contrário dos diversos grupos de esquerda que adotaram a luta armada como via privilegiada para combater a ditadura, em seu VI Congresso, realizado em 1967, em condições de rigorosa clandestinidade, o PCB buscou o caminho da organização da sociedade civil e alargamento do processo democrático, via participação nos movimentos sociais e integração ao MDB, o partido de oposição à época, para derrotá-la, estratégia que se revelou correta e vitoriosa.
É esse legado de lutas, comprometido com as causas mais fundas de nosso povo, que o Partido Popular Socialista herdou depois de 1992, quando em seu X Congresso o PCB assume novo nome, nova forma e nova perspectiva, mas sem perder sua história, que se abre para o século XXI mais revigorado na luta pela democracia como o caminho privilegiado de mudanças estruturais da sociedade e do Estado, sem as ilusões (politicas e ideológicas) que o tempo histórico revelou equivocadas.
Ao comemorarmos o nonagésimo segundo ano da fundação do PCB, nós que fazemos o PPS, reafirmamos nosso compromisso com a democracia como valor universal e o caminho para enfrentarmos os enormes desafios que a sociedade do conhecimento impõe. Da mesma forma que reafirmamos nosso compromisso com a luta da cidadania por uma sociedade mais justa e mais fraterna, como resultado de reformas permanentes nas esferas da economia e do Estado. Assim, seremos dignos do legado que recebemos e das lutas que temos que travar!
Brasília, 25 de março de 2014.
Roberto Freire
Presidente nacional”