Um, o Feio, servidor fiel e sócio de Carlinhos Cachoeira. Outro, o Belo, paladino da moral e da ética, grão duque da República.
Enquanto Demóstenes, o Feio, vivia na clandestinidade, o Belo assombrava com seu destemor de quixote, a perseguir corruptos e posar de herói da moralidade pública.
Sua perdição foi o Feio, o real Demóstenes, se apaixonar pela sua persona, o Belo, e acreditar na sua imagem de paladino do bem, que o tornava invulnerável.
Como Narciso, ignorou a profecia de Tirésias, de que só teria vida longa se jamais contemplasse a sua face refletida no espelho.
Embevecido, o Feio se acreditou o Belo refletido na mídia e na tribuna, até provocar a sua destruição. Pois, se o segundo era invulnerável e irreal, o primeiro, o Feio e criminoso, não.
Narciso morre porque se apaixona pela imagem de si mesmo refletida na água e se afoga. Ou, mais precisamente, porque confunde os limites de si próprio e do mundo.
Demóstenes, seguiu o mesmo percurso trágico ao se apaixonar pelo farsante Belo que criara, desdenhando de toda cautela, até o tropeço fatal e inexorável.
Afinal, aqueles que os deuses querem destruir primeiro enlouquecem...
RAUL JUNGMANN
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Ex- Deputado Federal, Ex Ministro da Reforma Agrária, Membro da Executiva Nacional do PPS, Diretor Geral da Fundação Astrojildo Pereira.
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